Estava tudo pronto. O próximo passo seria dado. Naquela tarde, eu abriria o portão, e me libertaria para sempre de qualquer vida passada. O portão fecharia-se à meia-noite, e tudo ficaria bem. Eu seria feliz, e você estaria lá dentro, trancado. Demorei um tempo considerável para sair de casa, suas lembranças me faziam sempre permanecer, num ciclo vicioso, em que só havia você e eu. Eram sempre os mesmos motivos. Meu coração dizia que você era o guia, o caminho certo, a melhor razão num pensamento irracional. E eu cedi todas às vezes em que senti que era amor. Chegou o dia, a primeira etapa estava vencida, eu estava fora de casa. O portão será aberto assim que a coragem encontrar meus pés e perseguir meu corpo numa velocidade intensa por todos os cantos. É agora. Meus passos lentos me tiram cuidadosa e vagarosamente a vontade. Um aperto no coração me deixa frágil, inútil, impossibilitada, incompleta. Estou decidida, e um tanto confusa. Mãos postas sobre os cadeados, as chaves rolam e abrem o portão. Pé direito posicionado para a saída tão esperada. Ah não! Um grito me tira a concentração. Todas as vezes que estou prestes a fugir, você chega e me faz esquecer o que eu iria fazer. É triste, maldade, chamar alguém e ficar mudo, mudar de mundo e adormecer.
- Me deixa ir? Me deixa sair pra rua, me deixa encontrar novas coisas, de me deixa ser feliz com alguém, já que você não quer ser o ' meu ' alguém, já que você não quer ser o meu amor, me deixa encontrar um rumo para seguir sem dor. Já se passou tanto tempo, você sempre soube me prender, mas agora eu te peço : por todo o amor que eu te dei, que eu te sufoquei, me deixa ir pra longe... eu não quero, mas eu preciso.
Enquanto eu falava todas essa coisas, ele só a baixou a cabeça, e tudo o que eu mas quis, foi que ele me impedisse de ir, mas ele não o fez. Então levantei a minha cabeça, olhei no fundo de seus lindos olhos pela última vez, e logo disse :
- Adeus ! Meu eterno primeiro amor.
E assim segui, ele me libertou, mas minha única vontade era de me prender.
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